Corta meu coração ver as atrocidades ocorridas contra os professores do Paraná no último dia 29 de abril, data próxima ao feriado do dia do Trabalhador. Ler as críticas, ver os vídeos, a violência… Tudo me fez como realmente é tratada a educação que muda o mundo, porque se aqueles que praticaram a violência tivesse educação e o mínimo de bom senso, jamais a situação teria chegado aonde chegou.

Percebam, falei que quem praticou a violência – isso inclui todos! Governo, policiais, protestantes, simpatizantes da causa … Claro que ninguém vai levar uma bala de borracha no rosto e achar bom, normal, ficar quieto, reações são nossas formas de defesa, mas a questão que quero levantar é que não precisava ter iniciado o confronto!

Para ter rolado o confronto muita água rolou antes, muita gente levou bande de água fria, onde o que deveria estar ganhando era o reconhecimento em todos os níveis. Digo isso por observação e pela experiência como filha de professores, mesmo que de Universidade particular, onde ainda julgam ter “pessoas mais educadas por conta da classe social” – outra burrice que ainda temos que conviver, o preconceito. Está certo lutarmos para melhorar o mundo, mas aqui levanto minha questão: O que você faz para melhorar o mundo?

Gritar na rua “O professor é meu amigo” é lindo e necessário, porém, não adianta gritar isso, e na escola/universidade/casa, xingar o educador, agredir fisicamente, estragar o patrimônio dele, ameaçar, medir força ou até mesmo ignorar… É cada atrocidade que acontece nas salas de aula todo dia. Nada explica o ocorrido no Centro Cívico de Curitiba, mas nada explica a falta de bom senso no dia a dia em muitas salas de aula.

O que fazemos para reconhecer o Professor? Para mostrar que ele é nosso amigo? Salário digno, aposentadoria merecida, plano de saúde, enfim… qualquer destes direitos são dos Professores e de todos os brasileiros, e quem coloca as pessoas no governo para “fazer o melhor para o povo” somos nós mesmos, o povo! Falta sabedoria nas eleições e no exercício da cidadania.

Quantas pessoas vi na época das eleições metendo a boca nos partidos e mesmo assim votando neles ou ainda agora falando que se arrependeram, sendo que nunca foram procurar ao certo as propostas dos candidatos… Somos arrastados pela maré da mídia, sendo carregados ou guiados como um boi, sem olhar para os lados, sem ver que estamos colocando candidatos corruptos, com históricos horrendos para governar nosso dinheiro, nossa saúde, nossa educação, nosso lazer, nosso transporte, nossas vidas! Falta estômago para digerir isso.

Só que antes de se eleger alguém e querer que a pessoa mude tudo para o “status maravilhoso”, temos que cuidar do nosso status moral particular. Tem uma frase que gosto muito: “De nada adianta cuidar da rua, se a casa está desarrumada”. Sugiro que mais pessoas vão para as ruas, que mais pessoas acordem, para quem está no poder se mexer de verdade, porque só quando NÓS nos “coçamos”, nós nos EDUCARMOS, é que vamos poder cobrar com sinceridade as melhorias, desejadas e urgentes.

A questão aqui não é apenas apoiar ou não as causas dos professores, relutar a violência, ou o partido e o voto de cada um. A questão que mais refleti com tudo isso foi como fazemos para respeitar e reconhecer o Professor… Porque acreditem, a dignidade do Professor está antes uma sala de aula segura, alunos educados e aplicados, interessados pelo que está sendo ensinado, está inclusive, acima do próprio salário.

E acreditem, não é difícil mostrar respeito pelos mestres que te ensinam. Até porque, independente do que escolhemos fazer na vida, todos passamos pelos professores. Então o que tenho para falar é simples, quer ir para rua, lindo, mas também vá para sala de aula com a mesma vibração e disposição para valorizar quem nos ensina a ler, escrever, pintar, contar ou trabalhar.

Ao lembrarmos das cenas ocorridas no dia 29 de abril, veremos como mesquinho é ser grosso, arrogante, mal-intencionado, desrespeitoso, ignorante ou agressivo com o Professor. Eles dedicam a vida para ajudar a formar seres humanos. Vamos valorizar quem acredita e deposita tempo sobre nós. As coisas não chegaram até onde chegaram, porque o governo corrupto quebrou ou coisa do tipo, chegou até este ponto, porque algumas pessoas pararam de se importar umas com as outras, e é isso que corrompe e acaba com nós mesmos.

Quer ver mudança, com pequenos ou grandes atos? De verdade? Claro, vamos votar conscientes, economizar água, plantar uma árvore, não gastar energia, não maltratar os seres vivos, respirar, amar, vibrar forças positivas, cuidar dos nossos sentimentos, ensinar nossos filhos (comece por você) a serem educados, amigos e respeitarem as pessoas. Formando seres humanos e não robôs, então sim, a sociedade será mais justa! Lembrem que a culpa das coisas que envolvem a sociedade, não são apenas do estado, pois este é um espelho dos cidadãos.

Meu voto que é os feridos fisicamente e psicologicamente do confronto recebam desculpas, atendimento e saúde. Que as pessoas do poder no governo recebam luz na consciência para tomar atitudes dignas do cargo que ocupa. E quem errou, espero que consiga se perdoar e melhorar como gente. Vamos adiante, continuando a luta pela paz, por melhorias e mais aprendizados.

 

Música do Dia: Chico Barque e Nilton Nascimento – Cálice